Depois de um período de exaustão com ouvidos fechados, semana passada consegui voltar a passear pelos “Album of the day” do Bandcamp. Descobri Fawn/Brute, disco mais recente de Katie Gately. Abri o whatsapp procurando o contato perfeito para compartilhar a descoberta e me dei conta que nenhum dos meus amigos ia gostar desse disco tanto quanto eu. Mas entre o público desse projeto, alguém certamente ia se interessar.
A musicista, descrita no site de música como “polígrafa”, ou seja, alguém que sabe de diversos assuntos, tem 6 discos disponíveis no Bandcamp, vários clipes lindos em seu site, faz desenho de som para curtas como esse e remixou duas faixas da Björk.
Em Fawn/Brute, disco dedicado a sua filha, Quinn, Katie passeia entre o sombrio e algo que é quase pop. É angustiante, mas desperta aquele siricotico de dançar. É viciante, dá vontade de ouvir de novo e de novo e de novo, mais ou menos como as crianças fazem com seus filmes e histórias favoritas. Exatamente como adolescentes fazem com suas músicas favoritas.
O disco é um pouco sobre essa angústia de crescer e navegar a vida. Do medo da criança de explorar ao desejo adolescente de viver intensamente todas coisas que o mundo oferece. Sombra e angústia, curiosidade e desejo, experimentação e pop num mesmo álbum. Tudo sobre o que eu poderia conversar por horas com pessoas aleatórias com a mesma capacidade de obsessão que eu.
CooCool - Róisín Murphy
Se Katie Gately não fosse assunto suficiente, descobri apenas ontem que Róisín Murphy lançou esse clipe. Adoro o som e os visuais dela e considero sua carreira solo bem melhor que o pop doce/dançante que ela fazia com o Moloko. Tinha que dividir isso também.
O que tem despertado meu desejo
📖Li Parkour, da Laura Assis, no último mês, e ainda não tenho palavras para descrever a beleza e a força desse livro. Conheçam essa escritora de Juiz de Fora e levem o tempo que precisar para lê-la. Os encontros mágicos também são um trabalho do tempo.
🎶O selo Música Insólita soltou a pouco as selecionadas na sua chamada aberta e vale conferir o trabalho do selo e das escolhidas
📰 Esse texto da Karina Buhr sobre as mulheres na história do manguebit
✍️A newsletter da sensível e genial Raíssa Galvão, quase, quando
O que motivou essa edição foi um comentário da Laura Cohen durante Ateliê de Escrita do Estratégias Narrativas : “O desejo desestabiliza a gente”.
Percebi que me permitir ser guiada pelo desejo ao invés de tentar controlá-lo tem me levado a lugares e pessoas surpreendentemente boas. Também percebi que meu compromisso aqui não precisa ser ditado por nenhuma pressão interna ou externa. A periodicidade dessa newsletter vai ser guiada pelo desejo (e pelo tempo, porque viver no capitalismo é assim)
Nos encontramos de novo quando a vontade for muita.