[06] 365 Girls in a Newsletter
Sobre ciclos, escolhas, humanização de ídolos e a comunicação que quero fazer
No último dia 21, completei 39 anos. No dia 24, apresentei meu trabalho de conclusão de curso da minha pós graduação em rock. E em meados de setembro, depois de lançar 2 músicas com meu duo virtual, subi num palco pela primeira vez para apresentar alguma coisa minha. São todos fechamentos de ciclo muito importantes e positivos, mas para mim é muito difícil encerrar etapas.
Acho que por isso tem sido tão difícil para mim assumir que o ciclo deste projeto também se encerrou. Quando comecei o 365 Girls in a Band, o mundo e minha vida eram muito diferentes. Escrever sobre mulheres na música abriu minha cabeça, me permitiu me reconciliar com a escrita, publicar textos em um site que não era um blog, me transformou em DJ, me colocou em contato com pessoas e projetos incríveis e me fez voltar a trabalhar com comunicação. Não lembro de um dia triste fazendo qualquer coisa relacionada a esse projeto.
Porém, desde que tentei retoma-lo, após os 365 dias originais, sinto que não nos encaixamos mais. Continuo ouvindo, pesquisando e escrevendo sobre mulheres e música, mas me parecia que o formato do Instagram não era adequado. Comecei a newsletter e parecia que ia tudo bem, mas descompassamos também. E foi escrevendo o tcc que percebi que estava tudo bem encerrar algo ao que você se dedicou muito e recomeçar.
Sou muito grata pela existência desse projeto. Fico feliz e balançada quando encontro pessoas e elas me perguntam se o projeto continua, se ainda vou escrever, elogiam a pesquisa e os textos. E uma hora caiu essa ficha: eu quero escrever. E escrever demanda tempo. Quero escrever sobre música, porque tudo que faço é sobre música, no fim das contas. Também quero escrever sobre mulheres, porque como diz a Chris Kraus:
[...] o simples fato de haver mulheres falando, existindo, paradoxais, inexplicáveis, impertinentes, autodestrutivas, mas acima de tudo públicas, é a coisa mais revolucionária do mundo.
Para escrever, tenho aprendido, é preciso dedicação, pesquisa, esforço e tempo. Esse último item é cada vez mais escasso na minha rotina vida-real-de-publicitária-de-meios-digitais. Então eu tive que fazer uma escolha meio Marie Kondo, agradecer e deixar ir.
Ainda estou na busca de colocar toda a pesquisa gerada até aqui em um site único, com busca simples e acesso fácil. Acredito que fiz um bom trabalho e que possa ajudar quem quiser seguir e ampliar esse caminho (ou que só quer descobrir bandas novas e diferentes e/ou mulheres inspiradoras e suas obras)
Porque gritamos tão alto: Silenciamento e representatividade feminina na obra de Courtney Love
Prometi que compartilharia as minhas pesquisas do TCC com essa audiência querida, mas mal sei como cheguei ao final do trabalho. Nunca foi meu plano falar de mulheres na música na pós, e quem me conhece sabe que nunca me imaginaria fazendo um trabalho inteiro sobre um nome importante do grunge. Mas quando a vida me chama, tenho tentado ir. Esse TCC foi um mergulho numa cena que eu não conhecia, uma quebra de idealizações e uma catarse. A humanidade da Courtney Love, suas tentativas, sua dedicação, suas contradições, fragilidade , vulnerabilidade e o nível de agressão que a acompanha até hoje são muito tocantes.
Para quem tiver interesse e quiser trocar sobre esse tema comigo, o link para a leitura do trabalho está aqui
Como não poderia deixar de ser, também fiz uma playlist curtinha para me acompanhar durante a escrita
Para onde vamos agora?
Ainda não sei, mas vai ser divertido. Para finalizar essa (última) edição, vou deixar alguns links de exercícios de criatividade que tem me inspirado e motivado no novo caminho que estou tentando traçar.
As variadas mentorias do Rodrigo Bragança, que foi meu professor na pós e é diretamente responsável por eu começar a criar música (e outros textos menos convencionais).
A Toranja News envia e-mails com provocações criativas de simples execução e sem um campo específico. Dá para usar suas redes sociais como plataforma de troca e os autores compartilham os resultados semanais de quem marca a #toranjanews na produção.
O Estratégias Narrativas, berço do meu reencontro com a escrita, além de ateliês e oficinas de escrita super interessantes, está soltando exercícios e dicas de escrita semanais no Instagram.
Não há mais nada para dizer a não ser obrigada pela audiência, pelas trocas e por se interessarem pelas minhas viagens, pesquisas e textos.
Espero que a gente se esbarre na rua, nos espaços virtuais, em outros projetos meus e de vocês que surjam nesse caminho. Esse ciclo se fecha, mas as relações construídas a partir dele, desejo que não.
A gente se vê por aí e em breve!
Que honra ser citada com a Toranja aqui! Peguei esse projeto andando e agora saber do seu percurso me deixou muito feliz!
Obrigada por compartilhar conosco o trabalho, admiro a Courtney com espanto... Lerei com carinho.
um beijo e bons caminhos!