[02] 365 Girls in a newsletter
Sobre guilty pleasures e tesouros que dividimos com pessoas especiais.
O que o algoritmo pode ter feito você perder?
Marina Lima é, sem dúvidas, a maior artista pop do Brasil. Ainda que eu tenha tirado esse dado de fontes da minha cabeça, a pesquisa que fiz junto ao Vinícius Cabral e o Márcio Viana para gravar o especial do Silêncio no Estúdio sobre a artista pode te provar que estou certa. Fazer as pazes com um dos meus amores mais antigos, que começou na primeira vez em que ouvi “Fullgás” e segue até hoje, me fez questionar: O que diabos é um guilty pleasure e por que ainda temos vergonha de gostar daquilo que nos deixa feliz?
Já Angélica Duarte lançou seu primeiro disco autoral, Hoje Tem, que caminha (ou dança) confortavelmente pelo pop, indie rock e mpb. Responsável pela produção musical e executiva do disco, Angélica nos pergunta se vale a pena perder tempo com “Pakera Fraka” se bom mesmo é um rolo meio “Coisa Bicho”. No Instagram e canal de youtube da artista, dá para conhecer os bastidores do disco. E também conversei com ela no meu outro projeto, o podcast Undergrations
Michelle Gurevich, não conta para ninguém, é um dos meus segredinhos musicais. Tal qual aquela cena de Mesmo se nada der certo em que os personagens usam o split de fone para escutar a mesma música, se eu divido “First Six Months of Love” com alguém, estou fazendo uma declaração de amor e tanto. Essa voz grave, os synths orientados™, a coisa meio cabaret, meio pós punk. Sei lá, chega no ouvidinho dx @ e…
Para não dizer que só falo de amor, Margaritas Podridas tem uma pegada mais paixão intensa. Com os dois coturnos no grunge, influências de krautrock e o tiquinho de carimbó que só quem é latino tem, as moças vem de Hermosillo para que o seu mundo nunca mais seja o mesmo. Altamente recomendado para aqueles dias em que o trabalho está matando sua vontade de viver.
Você precisa conhecer a Soraya Madeira
Professora do curso de Comunicação Social da Universidade Federal do Ceará, a Soraya pesquisa cultura pop, com dois olhos muito críticos (e bem aquarianos) para falar de representatividade no universo dos quadrinhos e dos games. Uma das mulheres mais badass que conheço e que todo mundo deveria conhecer.
Quem as pessoas acham que a Soraya é?
Desenrolada. Aquela que vai lá e resolve. Se tem um problema, ela tem mil soluções. Desinibida. Não tem vergonha de nada. Se quer dizer uma coisa, ela diz mesmo, na cara, pá!
Corajosa. Enfrenta as situações de frente. Mesmo sabendo que o resultado pode não ser o que ela quer, ela vai atrás.
Gente boa. É tranquila, é fácil de conversar com ela. Faz rir e também dá risada. Só não fresque com ela.
E quem a Soraya realmente é?
Difícil. Resolve as coisas? Resolve, mas às vezes o custo é alto. Tem vergonha, e muita, de muita coisa. Corajosa, talvez, se a gente pensar que ter coragem não significa ter medo, porque esse é constante. De tudo. De dar certo e de dar errado. De criar expectativa demais. Gente boa, mas constantemente acha que tão pisando na sua cabeça tal qual Mario pula na cabeça da tartaruga. Mas trabalha na terapia pra aceitar que é um ser humano normal, não a Mulher-Maravilha (mas queria ser).
Que personagem tá faltando no mundo dos games?
Sempre falta uma maior e melhor representativade feminina nos jogos. Ultimamente venho pensando bastante na questão de diversidade de corpos também. Encontramos boas personagens femininas no jogos? Sim. Mas e quanto aos tamanhos, por exemplo?
Eu nunca cheguei nem perto de jogar com uma personagem que se parecesse comigo, uma mulher tamanho 50, com cabelo cacheado e estatura mediana. Queria ver essa mulher sendo protagonista do jogo e descobrir com ela como chegar ao final do desafio.
E qual a trilha sonora perfeita para celebrar a passagem de fase?
The Linda Lindas: Oh!
Uma mulher que coloca qualquer chefão no chinelo
Amy Poehler, rainha de tudo. Super poder: falar demais e super rápido pra confundir tanto a mente do chefão até ele acabar com ele próprio.
Para ler, ouvir e ver
Li: de um fôlego só o mais novo livro da Flávia Peret, Instruções para montar mapas, cidades e quebra-cabeças. A autora é, sem dúvida, uma das minhas escritoras contemporâneas favoritas. O livro pode ser baixado e talvez ainda existam cópias disponíveis para distribuição gratuita.
O boletim bissemanal Paulicéia, da Gaía Passarelli, fala da cultura com foco em São Paulo, mas dá pano para a manga no debate sobre a cultura no Brasil pós pandêmico
Ouvi: Depois de um período de guerra com a clássica “I’d Rather Go Blind”, da Etta James, descobri uma versão muito legal e já quero fazer um novo cover da música.
Estou vendo: E acho que todo mundo: a 3ª temporada de Sex Education, da Netflix, e Maeve é um personagem para amar demais.
Por hoje é só, pessoal. A gente se vê em um mês, mas lembre-se que até lá a caixa de comentários está aberta e sugestões e ideias são muito bem vindas.